Ouça o seu bem-estar: o impacto da acústica na saúde mental

No nosso mercado, costumamos falar sobre qualidade sonora, inteligibilidade da fala ou redução de ruído como objetivos técnicos.
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Mas, além dos decibéis (dB) e das curvas de resposta de frequência, a acústica tem um impacto profundo em algo muito mais humano: o nosso bem-estar e a saúde mental.

Acústica e saúde: uma relação direta

Vivemos cercados por sons. E embora muitas vezes passem despercebidos, sua presença (ou ausência) pode afetar nossa concentração, humor, qualidade do sono e níveis de estresse. A Organização Mundial da Saúde já reconheceu o ruído como uma das formas mais difundidas de poluição ambiental, associada a distúrbios como insônia, ansiedade, doenças cardiovasculares, efeitos no sistema digestivo, mudanças no comportamento social, irritabilidade e dificuldades de concentração em crianças.

“Um ambiente acusticamente mal projetado — como um escritório com reverberação excessiva, uma sala de aula com baixa inteligibilidade ou um hospital com ruído constante — não apenas dificulta a comunicação, mas também aumenta a carga cognitiva, afeta o desempenho e gera fadiga mental”, comentou Tamara García Malo, do departamento Live Content para a América Latina da AVIXA, que possui dois mestrados sobre o impacto da acústica na saúde psicológica das pessoas e no neurodesenvolvimento de bebês.

Espaços que cuidam: projeto acústico com foco humano

Nos últimos anos, arquitetos, designers e profissionais de AV têm adotado uma abordagem mais holística, entendendo que o conforto acústico é uma peça fundamental. Incorporar tratamento acústico, isolamento adequado e tecnologias de reforço ou controle sonoro não só melhora a experiência do usuário, como também promove ambientes mais saudáveis.

Em ambientes educacionais, por exemplo, uma boa acústica melhora a compreensão e reduz o esforço auditivo de alunos e professores. Em escritórios abertos, uma gestão correta do som pode diminuir distrações, aumentar a produtividade e reduzir o estresse. E em hospitais, estudos demonstram que o controle acústico favorece a recuperação dos pacientes e reduz erros médicos.

Um exemplo de projeto acústico pensado para o bem-estar é a Biblioteca Central de Seattle. Durante sua construção, os arquitetos LMN e OMA colaboraram com o estúdio de acústica Michael R. Yantis Associates para criar um ambiente auditivo confortável. Houve atenção especial a áreas como o piso principal e a seção infantil, onde foram implementadas soluções acústicas inovadoras para melhorar a experiência dos usuários.


Além disso, o design interior inclui tetos acústicos que, embora visualmente incomuns, foram concebidos para absorver o som e reduzir o ruído ambiental, contribuindo para um ambiente mais calmo e propício à concentração.

Outro exemplo é o Maggie’s Centre de Manchester, projetado pelo escritório Foster + Partners, onde foram implementadas soluções acústicas específicas, como painéis acústicos, para reduzir a reverberação e garantir a confidencialidade das conversas privadas. Essas medidas ajudam a criar um ambiente tranquilo e acolhedor, essencial para o bem-estar emocional dos pacientes e de seus familiares.


O design geral dos centros Maggie’s é focado em criar espaços que se assemelhem mais a um lar do que a uma instituição médica. Isso inclui o uso de materiais naturais, iluminação suave e uma disposição espacial que favorece a calma e a introspecção.

O papel do profissional audiovisual

O projeto acústico não é exclusivo do arquiteto ou engenheiro acústico. O profissional audiovisual tem hoje um papel fundamental na criação de espaços onde o som não apenas seja ouvido com clareza, mas também sentido de forma positiva.

Isso envolve entender como o som se comporta em determinado ambiente, selecionar adequadamente os materiais e utilizar ferramentas de medição e simulação para tomar decisões baseadas em dados.

Além disso, o uso de tecnologias como sistemas de som distribuído, cancelamento ativo de ruído, painéis acústicos inteligentes ou soluções de sound masking permite ir além do controle passivo, criando experiências sonoras personalizadas que favorecem o conforto emocional.

Uma questão de sentimento

A acústica não trata apenas de como os espaços soam, mas de como nos fazem sentir. Um bom projeto acústico pode reduzir o estresse, melhorar o foco e promover uma sensação de bem-estar em qualquer ambiente. Em um mundo cada vez mais barulhento, o silêncio — ou melhor, o som bem gerenciado — torna-se um recurso valioso.

Tamara conclui: “Vamos tomar a iniciativa de inovar com propósito. Como criadores da paisagem sonora que nos cerca, temos a oportunidade — e a responsabilidade — de causar um impacto positivo. Vamos transformar o mundo por meio do som, porque aquilo que projetamos não é apenas ouvido — é vivido”.

Você já considerou esses fatores nos seus projetos? Queremos conhecer a sua experiência!

E lembre-se, você pode nos visitar pessoalmente na InfoComm América Latina, onde discutiremos acústica e outros tópicos relacionados junto com nossos expositores. Cadastre-se aqui!

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