O papel do design acústico na criação de espaços audiovisuais

Como Renato Cipriano, diretor da WSDG, destacou em nossa entrevista: "A acústica tem uma importância maior nos espaços audiovisuais por questões óbvias, como a necessidade de promover um equilíbrio essencial, especialmente quando falamos em captação de áudio. Isso não é apenas uma questão técnica, mas também um reflexo direto de como o som pode afetar nossa saúde física e mental.”
Seja em um cinema, uma sala de concertos, uma loja de varejo ou até mesmo um espaço corporativo, o som influencia diretamente como as pessoas percebem e interagem com aquele espaço. Cipriano complementa: "A condição de equilíbrio do som está totalmente relacionada ao equilíbrio da nossa saúde, tanto física quanto mental. Nos últimos anos, tenho estudado a terapia do som e a neurociência, percebendo como o som influencia diretamente o comportamento das pessoas."
Esse impacto vai além do design técnico do espaço. O som pode afetar nosso bem-estar de forma profunda, influenciando até nossa resposta emocional e cognitiva aos ambientes.
Um dos principais objetivos do design acústico é garantir que o som chegue ao público de forma clara e equilibrada. Em ambientes como cinemas ou auditórios, onde a precisão do som é crucial, distorções e reflexos indesejados que podem afetar a qualidade da experiência devem ser eliminados. Para conseguir isso, uma variedade de técnicas e elementos especializados pode ser empregados.
Técnicas e elementos para projeto acústico em espaços audiovisuais
1. Controle de reverberação
A reverberação ocorre quando o som ricocheteia em superfícies reflexivas, criando ecos ou prolongando desnecessariamente o som. Para controlá-la, são utilizados materiais absorventes, como painéis de espuma acústica, cortinas pesadas e carpetes. Renato Cipriano explica: "A reverberação excessiva pode prejudicar a inteligibilidade do som em espaços audiovisuais. A principal questão é garantir que o som chegue de forma clara e equilibrada, o que envolve uma série de variáveis e técnicas que vamos ajustando conforme o espaço e sua necessidade.”
Em alguns espaços é possível usar superfícies difusoras, como painéis de madeira ou estruturas geométricas, que dispersam as ondas sonoras de forma controlada e uniforme, evitando pontos de concentração sonora.
2. Tratamento de frequência
Na acústica de espaços como salas de concerto, é essencial considerar como o projeto pode afetar as diferentes frequências do som. Equipamentos projetados para esses ambientes devem incorporar tecnologia de equalização para ajustar a resposta de frequência do espaço. "Em um estúdio de gravação, por exemplo, a acústica interna precisa ser completamente diferente daquela necessária para uma sala de orquestra", destaca Cipriano. A escolha do tipo de tratamento acústico vai depender diretamente do tipo de áudio que será captado ou transmitido.
Isso pode incluir o posicionamento estratégico de alto-falantes e subwoofers de última geração para garantir que todas as frequências, dos tons baixos aos altos, sejam ouvidas claramente e sem distorção.
3. Isolamento acústico
O isolamento acústico refere-se à capacidade de um espaço de bloquear o som externo e impedir que o som gerado internamente escape. Em estúdios de gravação ou cinemas, são utilizados materiais de alta densidade, como drywall isolado, vidro laminado e vedações acústicas em portas e janelas. "É fundamental, por exemplo, projetar o sistema de ar condicionado para que ele não introduza ruído indesejado nos ambientes críticos", observa Cipriano. O controle do ambiente é fundamental para preservar a qualidade sonora sem interferências externas.
4. Sistemas de som surround
Em ambientes como cinemas ou auditórios, o uso de sistemas de som surround é essencial. "Esses sistemas permitem uma experiência sonora envolvente, mas o mais importante é garantir que o tipo de sistema de som seja adequado para o tipo de acústica do espaço", afirma Cipriano. Esses sistemas usam caixas estrategicamente posicionadas ao redor do espaço para criar uma experiência sonora envolvente. Implementar um sistema 5.1 ou 7.1, juntamente com DSP, permite uma distribuição de som precisa, para que os espectadores possam perceber o áudio em três dimensões. Além disso, subwoofers são frequentemente usados nesses tipos de espaços para reforçar frequências baixas e criar uma experiência mais completa. Sons que você sente ao seu redor, no seu peito, e que te levam àquele "uau!"
5. Tecnologia de cancelamento de ruído em espaços comerciais
Em espaços como lojas, restaurantes ou shopping centers, o projeto acústico deve considerar o controle do ruído ambiente. Cipriano acrescenta: "Os sistemas de cancelamento de ruído, que ajudam a neutralizar frequências indesejadas, são uma ótima solução para criar um ambiente mais confortável, principalmente em locais com alto tráfego.”
Para isso, podemos integrar sistemas de cancelamento ativo de ruído, que usam microfones e caixas para identificar e neutralizar frequências indesejadas, criando um ambiente mais confortável. Além disso, o posicionamento estratégico de painéis acústicos, divisórias de ambientes e tetos acústicos pode reduzir o eco e melhorar a qualidade geral do som.
Por que considerar a acústica em diferentes ambientes?
Em cinemas e auditórios, o projeto acústico deve garantir que o som seja distribuído uniformemente para todo o público. "A acústica e a arquitetura devem caminhar juntas", enfatiza Cipriano. "Quando começamos um trabalho de acústica, estudamos as proporções do espaço desde o início, porque isso afeta diretamente a qualidade do som. A arquitetura e a acústica são uma coisa só.”
Em espaços comerciais e de varejo, o controle do ruído ambiente é crucial para criar um ambiente agradável para os clientes. A acústica deve ser ajustada para manter um nível de ruído confortável, sem que o som interfira nas conversas ou na experiência de compra. "Criar áreas silenciosas ou usar materiais absorventes estratégicos pode melhorar muito a experiência do cliente", sugere Cipriano.
Em escritórios e salas de reunião, a acústica é essencial para a produtividade. O uso de painéis acústicos em paredes e tetos ajuda a reduzir o ruído de fundo, melhorando a inteligibilidade das conversas. Os divisores acústicos entre estas áreas de trabalho também são úteis para garantir que o som não se espalhe por grandes áreas abertas. "O principal erro em muitos projetos é não integrar a acústica e a sonorização. É fundamental que os projetos de acústica e de sistemas de áudio sejam feitos em conjunto, não separadamente. Sem esquecer aqui do sistema de ar-condicionado, que traz muito ruído para dentro de determinados projetos que precisam de ambientes mais silenciosos”, enfatizou Cipriano.
Pense antes de escolher
O design acústico não se trata apenas de criar ambientes agradáveis, mas de garantir que o som se integre de forma eficiente e harmoniosa ao espaço, melhorando a experiência do usuário. Para isso, é essencial uma abordagem técnica que considere as propriedades acústicas do ambiente, materiais apropriados e tecnologias especializadas. "As novas inovações tecnológicas, como simulações acústicas, materiais microperfurados e até transparentes, têm permitido que a acústica chegue a lugares onde antes parecia impossível, sem comprometer a estética do ambiente", finaliza Cipriano.
Lembre-se: isolamento acústico não é tratamento acústico, e não esqueça: é importante entender o funcionamento do espaço para escolher os materiais e os equipamentos sonoros corretos, garantindo que cada parte converse com a outra da maneira ideal. No final, equipamentos de som, áudio e acústica andam sempre juntos.
Você também usa esses elementos e técnicas? Conte-nos sobre sua experiência em design acústico em AVIXA Xchange e visite-nos na InfoComm América Latina para conversar sobre este e outros tópicos pessoalmente!
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